quarta-feira, 21 de novembro de 2018


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O AMOR QUE FALTOU

Alvo de um cupido, não esculpido.
Atingido, debatia-se como um cervo;
Gemendo e com olhos lacrimejando
Fadado a viver como um Mito.

Não desperto, mas no despertar;
Com ferida quente e ardente,
Foi em busca do desejo premente.
Sentindo uma parte lhe faltar.

Exausto das dores do caminhar;
Cego e moribundo cambaleando.
Por um perfume se deixou levar.

Animal ferido, deixou-se enfeitiçar;
Encontrando o rastro da sua outra parte,
Para enfim, seu sangue estancar.

By Sandra Kato

Deambulando em algum lugar em Curitiba...



Trilhos do Vazio

Já era final de tarde, mas ainda havia bastante ruído da multidão, desço a escadaria que como um funil, ecoa, fazendo o som ainda mais evidente. Mas não é apenas o som que me desorienta, o cheiro de doce também toma conta daquele espaço. Não se enganem com o que seus olhos veem, é a antiga maria fumaça invadindo seu espaço, soltando sua nuvem para adormecê-los.
Praça, loja, restaurante, um mix de entretenimento que leva a multidão, como uma boiada que segue os trilhos sem saber seu destino. Só não entendo o que aquela farmácia faz ali, apesar da conveniência, causa estranheza. Há uma em cada esquina. Talvez a sociedade esteja adoecendo, isso explicaria o cheiro de doce, que atende a carência dos necessitados, descontrolados e sem desculpas para resistir tamanha sedução.
Os corredores são amplos - quanto mais gente melhor, mais admiradores para as vidraças que abrigam suas ofertas. Via transparente, onde há bloqueio físico em relação ao tocar... Desperta a sua visão embaçada e provoca um certo desejo. 
É o casal despojado que aponta para algo que encanta, do outro lado há crianças rindo e outras chorando, um estimulo atrás do outro, seus pais, cansados. Logo ali, um grupo de amigos na expectativa do filme que irá entretê-los, com o antigo herói redundante. A fome que em todo momento parece surgir, através do cheiro e não do que gosto, enquanto avisto uma mulher que de desgosto busca encontrar em mais um par de sapatos um pequeno alivio de seu vazio. Já uma outra, lembra precisar de algo que não precisava mais. Multidão perdida em suas profundas solidões, consumidos por aquilo que promete preenchê-los ou torná-los melhores: mais belos, populares, descontraídos, ... enfim felizes!
Mas, caminho sem destino, perdida na matéria e no espaço, não encontrando amparo nas janelas do desejo. Quem sabe não questionar, apenas entrar nos trilhos, seguir esse fluxo frenético, buscando alimentar a caldeira que consome internamente as aflições. Deixando-me levar pelo brilho da joia que enfeita, aproximando daqueles que sofrem, da orquestra desarmônica que se movimenta, como as escadas que inibem os passos.


By Sandra Kato

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

ARTE - A POESIA

Inspirada pela Obra de Wal Wildson escrevi esta poesia:

(Fonte da Imagem: site Inspi)

Venho nu, desamparado e desarmado.
Encontro um pano de acolhimento;
Sinto frio e dor, acredito ser o sofrimento.
Descobrindo, cobrindo-me constrangido.

Passam dias, passam horas e anos.
Enquanto isso, sobreponho histórias,
A rosa, o lírio, a aurora e as memórias.
Ocultando o feio e o horror dos atos,

Histórias, nem sempre delicadas.
Atrás de livros, objetos e cores, faço renascer;
Na natureza do ser, acumulo camadas.

Pego o galho do pássaro, que voa.
Que desorientado solta suas penas
Pena do ser, que através de camadas ecoa.

By Sandra Kato.




Artista Brasileiro Hal Wildson

Há tempos não escrevo nada neste blog, mas gostaria de reativá-lo. Pois aqui encontro um espaço para expressar-me, uma ferramenta que me possibilita treinar minha subjetividade de maneira mais concreta.
Vamos lá!
Fazendo um trabalho, acabei descobrindo um artista muito talentoso. Sua base seria a colagem, mas dentro desta técnica percebe-se que ele explora muitas possibilidades. Considerando-se um artista de "poesia visual". 
O artista é Hal Wildson, que mistura colagem, literatura, fotografia e ilustração. Jovem goiano, enxerga através da arte uma vida melhor e de esperança, assim como uma de suas inspirações: Frida Kahlo - que transformou sua dor e luta em arte. Retrata temas como amor, raízes ancestrais e tramas do afeto.  Também dedica suas obras à cultura da America Latina, com ilustrações coloridas e retratos da natureza e seus nativos. 
 

Hal realiza oficinas e expande sua arte também nas ruas - com o projeto "DECIFRA-ME", comenta em uma entrevista que seu objetivo é gerar interação entre as pessoas e a arte. Cria colagens urbanas em relevo pelos muros da cidade, e através de frases deixa enigmas para as pessoas decifrarem. 

Atualmente Hal vive de sua própria arte! Divulga seus trabalhos através das redes sociais e internet, fez uma parceria com a banda NATIRUTS, assinando a capa de lançamento 2018. Foi convidado para expor em Londres e na Cidade do México (FONTES, 2018).
Muito bom encontrar a Arte Brasileira por aí! Até mais!